segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O eterno

Sou aquele que tudo vê
assisto impávido o passado
e insurpreso o futuro.
Nada pode acontecer
que me surprenda,
dado o fato de que tudo vi.
Do primeiro amor
só ficam lembranças,
pois nem o pó existe mais.
A lembrança do beijo
esquece a do adeus
e todos os amores depois.
Nada ficou apenas pó,
envelhecido e desgastado.
Já não amo mais,
me esqueci do sentir.
Arrasto os pés ao caminhar,
traçando estelas na areia fina
que a brisa suave apaga depois.
As vezes piso um pedregulho,
resto humilde de um arranha-céu.
O tomo entre meus dedos
e o sinto desfazer-se
em minusculos grãos de areia.
O sol apagado no horizonte,
conta séculos de escuridão,
enquanto as estrelas
testemunham silenciosas
a quietude do esquecimento.
Eu sou aquele que tudo vê.

sp, 15/12/08

Senhora

Ela se multiplica,
esta em todo lugar
espia pela sacada
e descansa no corredor.
Passeia pelas salas
e aguarda impaciente
alguém que venha conversar.

Espreita pelos cantos,
vigia entradas e saídas
procurando suas vítimas,
para as arrebatar do caminho.
E quando algum infeliz
se deixa por ela agarrar,
apenas lamentos ecoam no vazio.


Sampa, 15/12/08

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O beijo

A luz se espraiou suavemente,
deitando suas ondas brancas,
espuma salina da vida nova,
sobre as delicadas petálas.

O sol ergueu seus olhos, curioso
por ver o pequeno milagre matutino,
e o calor molhou o vale fértil,
preparando a terra para a chuva.

A terra estremeceu as raizes,
forçando a seiva com ternura,
espalhando pelo talo desnudo
a centelha da dádiva matinal.

O pássaro flutuou por instantes,
e o orvalho sorriu para sempre.

são paulo, 10/12/08

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

TEARS FOR FEARS - HEAD OVER HEELS



I wanted to be with you alone
And talk about the weather
But traditions I can trace against the child in your face
Wont escape my attention
You keep your distance with a system of touch
And gentle persuasion
Im lost in admiration could I need you this much
Oh, youre wasting my time
Youre just wasting time

Something happens and Im head over heels
I never find out till Im head over heels
Something happens and Im head over heels
Ah dont take my heart
Dont break my heart
Dont throw it away

I made a fire and watching burn
Thought of your future
With one foot in the past now just how long will it last
No no no have you no ambition
My mother and my brothers used to breathe in clean in air
And dreaming Im a doctor
Its hard to be a man when theres a gun in your hand
Oh I feel so...

Something happens and Im head over heels

And this my four leaf clover
Im on the line, one open mind
This is my four leaf clover

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sombras

Eu me escondo nas sombras
onde nasci e cresci.
Eu me escondo nas sombras
onde a luz não me cega.
E espero teus passos
te trazerem até mim...

Ansioso aguardo teus passos,
tranqüilos e despreocupados.
Logo estarás aqui,
e pras sombras te arrastarei.
Como a boa espera sua presa,
eu continuo a te esperar.

Meu coração galopa suavemente,
antevendo as delícias
que encontrarei
perdidas no teu seio
como água fresca
no vale das sombras da morte.

Teus passos se aproximam
e com eles tua carne
e teus prazeres...
Minha boca saliva,
com a sensação iminente
do tesouro maior.

Haverá luta, inútil,
prazeirosa como a caça,
Gritarás gritos surdos,
perdidos como teu desespero
enquanto me banqueteio
com o que sobrar do teu medo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Fui criado por lobos...

fui criado por lobos
ninguém sabe,
mas sou um deles
me olham: o diferente
mas ninguém sabe
a noite eu uivo sozinho
corto a varanda silenciosa
com meu lamento estepário
e a solidão, continua colhendo rosas
que eu não posso mais mastigar
por isso são suas
todas as rosas do meu jardim

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

De repente do fogo fez sorriso...

De repente do fogo fez sorriso
e iluminou o meu caminho
me deu chão firme onde havia gelo fino
uma escada onde havia penhasco
abriu as aguas e eu passei
e do medo que eu tinha
me fez coragem...
E me viciei nela porque sou homem
e morri por ela, porque sou homem
sou ela porque sou homem
e faço parte dela porque sou eu
e ela faz parte de mim,
porque somos dois.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cicuta, cianureto e outros venenos.

Pai, afasta de mim esse cálice
pois é veneno, e dele não beberei.
Se fiz o que tú querias,
por que me recompensas assim?
Não apresentei a estupidez
dos teus ridiculos pensamentos
para que da praça fosses bobo,
então porque devo beber?
Não meti o nariz
em assuntos doutrem,
não vejo por que então
são meus pulmões
que devam queimar.
Se nada fiz de errado
por que devo do lenho pender?
Sou inocente dos crimes
que me imputam,
mas ainda assim devo pagar,
a taça até a borda devo beber.
Devo me entregar às reminiscências,
escrever os versos mais tristes,
e esperar o vinho amargo me levar.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Saudade, câncer que me come o peito...

saudade, câncer que me come o peito,
chaga que mutila o coração
e os meus olhos que procuram sem jeito
enxergar a cor do som.

corre nas veias esse fogo líquido,
os olhos submersos na melodia.
quem sabe a solidão tenha um descuido
e a noite não acabe como todo dia

a mesa vazia,
dois copos e um cinzeiro
como companhia.

qual dos dois bebo primeiro:
a cicuta com gelo
ou o outro, vazio e belo?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vícios

Já sinto saudades de você.
Como se fosse um vício
do qual me livrei a tempos,
meus vasos ainda tinham tua memória.
Meu corpo ainda não esqueceu
aquele abraço atrás da porta.
Escondidos de nós,
escondidos do mundo,
fizemos nosso crime
e vivemos pra não contar.
Achei que tive sucesso
em te ver virar as costas
e sumir no horizonte.
Fiquei na minha caverna,
e adocei meu fel
com veneno e estórias
de romances perdidos
e de amores frustrados
onde tudo se resolve no final,
mesmo que num final infeliz,
mas resoluto, e final.
E então você veio,
para me provar que estava errado,
não existe definição,
e vícios são vícios.

E agora eu estou aqui,
remoendo na cama algumas silabas desconexas,
chamando-as de versos,
procurando sentido
pruma angustia desconhecida
que eu conheço bem.
Lá fora o dia amanhece,
mas vícios, são vícios.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A cidade e as Rosas

Floresceram ali, quietas.
A cidade olhou-as indiferente,
afinal eram apenas mais algumas rosas
mais um canteiro de rosas como as outras.
Mas elas não pensavam assim.
Elas eram únicas!
Se vestiram de gala, mas nada.
Tentaram gritar,
não conseguiram.
A cidade nunca as enxergou,
não lhes deu importância.
Mas eu as vi!
E me desesperei quando murcharam,
e morri quando secaram.
Mas a cidade deu de ombros,
"eram apenas rosas,
logo brotam outras..."

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

E se amar fosse amarelo?

E se amar fosse amarelo
terias olhos azuis?
Seria outro teu apelo
com a benção de outra luz?

E se o som do violoncelo
outro fosse que não rouco,
mas ainda grave e singelo,
não seria amado tampouco?

Se à noite outra me seduz,
posso amá-la, mesmo pouco,
e sabendo o que se reduz
não me ver como um louco?

Bem pouco pode-se dizer
sobre o misterioso querer!


GRU/SAO jul 08

domingo, 20 de julho de 2008

Papel

eu passo os dedos
nas dobras do papel
eu acaricio as fibras
que suportam a cor
branca da celulose

nela eu apago a dor
rimo esperançoso
o amarelo com o apelo
do lamento rouco
de um violoncelo

mas por mais tente
não consigo prender
o sabor castanho
dos teus infantis
olhos escuros

eu passo os dedos
nas bordas do papel
buscando um verso
para aprisioná-lo
em fibras brancas.


(são paulo, 19/07/08)

domingo, 13 de julho de 2008

Alguém me ofereceu um coração novo

mas novo não tem graça...
coração bom,
tem que ser usado,
com vivências,
com paixões,
com histórias
pra contar pros netos,
e com muitos desejos.

tem que saber amar
e olhar pra trás
com carinho.

um coração novo
de nada serve,
nada acrescenta,
não tem erros
dos quais aprender.

coração bom
já foi muito pisado
mas continua a bater.

Sombras

És um dia cheio de ódio
és um dia cheio de rancor
num canto escuro do teu peito
dorme gelado aquele que chora

o teu hálito não empana vitrais
frios como uma manhã de inverno
teus olhos foscos renegam
o desejo que deviam sonhar

tua sombra acompanha a minha
se dão as mãos sem se tocar
nossos corpos se pertencem
como dois trapezistas cegos


sampa/dutra/guarulhos 10/07/08 22hrs

domingo, 15 de junho de 2008

Passeio

Ergui-me sobre minhas pernas
Foi o único que fiz
Elas me levariam pra onde eu quisesse ir
Mas, então, fui carregado.
As ruas vazias,
As lojas fechadas,
ninguém ao meu lado
ou ao redor
Era um entardecer
bonito, de sábado
As pernas andavam,
sozinhas, com vontade própria
Ao longe, um cachorro latia.

Bate no peito antiga dor

Bate no peito antiga dor,
penas ancestrais, num repente
escoa a tarde, nostalgia cega,
sofro no peito saudade sem cor.

Jazem as mãos mudas cordas,
olhos sem sal, reflexo oco,
silencioso mistério, pôr-do-sol!

O corpo, sagrado monastério,
esconde o soluço cordial,
não mostra a cabeça o tormento.

Foge-me à razão estranha causa,
bate no peito, antiga dor.

eu vejo teu reflexo na janela

eu vejo o teu reflexo na janela:
os teus olhos fitam o vacuo
que se fez paisagem
pensativos e contemplantes,
os teus olhos escuros
indagarão os porquês?

lá fora há gotas a bater no vidro
a estrada passa e a chuva cai.
tua cabeça encostada no cristal
o que se passará nos teus olhos?
tanta coisa a descobrir,
e eu que só conheço teu reflexo!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Miguel Hernandez - El Herido

Para el muro de un hospital de sangre.

I

Por los campos luchados se extienden los heridos.
Y de aquella extensión de cuerpos luchadores
salta un trigal de chorros calientes, extendidos
en roncos surtidores.

La sangre llueve siempre boca arriba, hacia el cielo.
Y las heridas suenan, igual que caracolas,
cuando hay en las heridas celeridad de vuelo,
esencia de las olas.

La sangre huele a mar, sabe a mar y a bodega.
La bodega del mar, del vino bravo, estalla
allí donde el herido palpitante se anega,
y florece, y se halla.

Herido estoy, miradme: necesito más vidas.
La que contengo es poca para el gran cometido
de sangre que quisiera perder por las heridas.
Decid quién no fue herido.

Mi vida es una herida de juventud dichosa.
¡Ay de quien no esté herido, de quien jamás se siente
herido por la vida, ni en la vida reposa
herido alegremente!

Si hasta a los hospitales se va con alegría,
se convierten en huertos de heridas entreabiertas,
de adelfos florecidos ante la cirugía.
de ensangrentadas puertas.

II

Para la libertad sangro, lucho, pervivo.
Para la libertad, mis ojos y mis manos,
como un árbol carnal, generoso y cautivo,
doy a los cirujanos.

Para la libertad siento más corazones
que arenas en mi pecho: dan espumas mis venas,
y entro en los hospitales, y entro en los algodones
como en las azucenas.

Para la libertad me desprendo a balazos
de los que han revolcado su estatua por el lodo.
Y me desprendo a golpes de mis pies, de mis brazos,
de mi casa, de todo.

Porque donde unas cuencas vacías amanezcan,
ella pondrá dos piedras de futura mirada
y hará que nuevos brazos y nuevas piernas crezcan
en la carne talada.

Retoñarán aladas de savia sin otoño
reliquias de mi cuerpo que pierdo en cada herida.
Porque soy como el árbol talado, que retoño:
porque aún tengo la vida.

domingo, 25 de maio de 2008

Tempo perdido?

Ás vezes na vida somos surpreendidos por pequenas coisas, que desistem de passar despercebidas por nossas vidas e decidem nos atropelar como rolos compressores gigantes.
Hoje, uma delas me atingiu e eu percebi uma daquelas verdades que dependendo de como você olhar podem ser terríveis. As pessoas que me conhecem de verdade sabem o quanto sou um romântico incurável.

Resumindo a história, o que me agrediu foi a questão do primeiro amor. Devo confessar aqui, eu nunca tive um primeiro amor. Sabe aquela coisa, quinta ou sexta série, menino encontra menina, ficam amigos, se apaixonam e voi lá, se beijam? Pois é, eu nunca tive isso. Meu primeiro beijo foi com uma garota que tinha uns cinco anos a mais, e eu já tinha uns dezessete! E não posso honestamente dizer que estava apaixonado por ela. Obviamente, antes disso já havia me apaixonado várias vezes, mas nunca havia sido correspondido, ou pelo menos não percebi tal. Ou seja, quando comecei, foi já nesse mundo cínico e hipócrita dos relacionamentos adultos, onde ninguém diz o que realmente quer, onde fica o dito pelo não dito e as cobranças são sempre veladas. Nunca conheci o q seria um relacionamento puro e inocente.

Basicamente, deram a largada e eu não percebi. Ninguém me avisou quando começar a correr (e nem que era uma corrida). Quando finalmente me toquei, tava todo mundo algumas voltas na frente. Então assim fui tentando tirar o atraso, recuperar o tempo perdido. Entrando de cabeça em cada relacionamento que tive. Tentando aprender na marra o que nunca ninguém quis me ensinar. O que ninguém ensina. Acho que isso explica muita coisa ao meu respeito. Pelo menos explica muita coisa pra mim.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Passarte a mão pela cintura...

Passarte a mão pela cintura
e puxarte até mim,
beijarte a fronte
e rirmos juntos
do non-sense da vida
(leva e traz como entulho a beira-mar).
Com a ponta dos dedos
fazer-te carícias no pescoço
até sorrires tímida.

Se a vida um dia
tal me propiciar,
poderei assossegar
o pinoteante coração?
Ou serei para sempre prisioneiro
das tuas carícias imaginárias,
da volatilidade da tua lembrança?

O que o destino planeja ignoro,
o único que sei é o que sinto,
uma saudade recorrente,
de alguém que mal conheço.

Não posso dizer que te conheço.

escrito em são carlos em 09/04/06

Não posso dizer que te conheço.
Tão pouco sei e tanto gosto,
e ainda assim não te conheço.
Posso dizer que sei:
Seis mil quinhentos setenta e quatro dias atrás,
alguém que te tomou no colo
com ternura disse teu nome.
Mas não sei se quando despertas sorris,
ou se para outro lado tornas a sonhar.
Sei que duzentos dezesseis meses atrás
provocaste dor e júbilo,
mas talvez não saiba e apenas imagine,
assim como tantas outras coisas.
"Terias gostado de voar com santô?"
"Terias rido quando seu chapéu caiu,
e dando piruetas no ar te imaginaste?"
"Teria teu nome sido Ana,
ou por algum momento fernão?"

A interrogação é o que me resta,
e na floresta da memória
já não sei se não conheço
o som do teu riso,
ou se apenas não lembro.
Posso imaginar tanto,
mas não escrever versos tristes,
não hoje, não nesta noite. Pausa.
Corro ao quintal e volto.
Estrelas! Milhões delas !
Será que olhastes o céu hoje?
Outro passeio que não fizemos,
teremos tempo algum dia?
Lua crescente, um dia será cheia!
Tantas coisas para te dizer,
mas como tudo, ainda sementes.

Um poeta uma vez me disse
que a vida era uma piada
(infame por sinal).
Na história que me contou
aprendi que o destino prega peças,
e que não se deve confiar
nas palavras de estranhos,
menos ainda das Parcas.

Agora fico então a sonhar,
e estas palavras são
o mais próximo
que consigo chegar.
Fecho os olhos e revivo
passo por passo.
Me perco imaginando,
tentando descobrir
em não sei qual mar interior,
uma garrafa decifrando-te,
um relato babilônico qualquer
onde possa te conhecer,
tal qual é possível conhecer
as profundas Marianas.

Reavivo o fogo,
soprando devagar,
colocando aqui e ali um graveto,
quando faz-se necessário
Posso relembrar teu calor,
posso aquecer tua alegria,
posso aligeirar o peso dos olhos
apenas cerrando as pálpebras,
voltando quase incólume
a um passado desejável.
Mas não posso requentar
aquilo em ti que desconheço.
Tão pouco sei e tanto gosto,
não posso dizer que te conheço.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Há lua, há fogo e há lobos.

há lua, há fogo e há lobos.
o sol vela e vigia a dança
enquanto as folhas sussurram
seus cânticos azuis.
há pedras, há terra e há ouro.
os caminhos rastejam pelo chão
feito serpentes
pensando em passos que não voltam mais.
os lobos comem minha carne.
como não têm nada a pensam ambrósia.
os lobos bebem meu sangue.
se nunca beberam, pra eles é néctar.
há pedras, há terra e há ouro,
mas os lobos só amam
a lua e o fogo.

JOAN MANUEL SERRAT - MEDITERRANEO



JOAN MANUEL SERRAT - MEDITERRANEO

Quizás porque mi niñez
sigue jugando en tu playa
y escondido tras las cañas
duerme mi primer amor,
llevo tu luz y tu olor
por dondequiera que vaya,
y amontonado en tu arena
guardo amor, juegos y penas.

Yo, que en la piel tengo el sabor
amargo del llanto eterno
que han vertido en ti cien pueblos
de Algeciras a Estambul
para que pintes de azul
sus largas noches de invierno.
A fuerza de desventuras,
tu alma es profunda y oscura.

A tus atardeceres rojos
se acostumbraron mis ojos
como el recodo al camino.
Soy cantor, soy embustero,
me gusta el juego y el vino,
Tengo alma de marinero.
Qué le voy a hacer, si yo
nací en el Mediterráneo.

Y te acercas, y te vas
después de besar mi aldea.
Jugando con la marea
te vas, pensando en volver.
Eres como una mujer
perfumadita de brea
que se añora y que se quiere
que se conoce y se teme.

Ay, si un día para mi mal
viene a buscarme la parca.
Empujad al mar mi barca
con un levante otoñal
y dejad que el temporal
desguace sus alas blancas.

Y a mí enterradme sin duelo
entre la playa y el cielo...

En la ladera de un monte,
más alto que el horizonte.
Quiero tener buena vista.
Mi cuerpo será camino,
le daré verde a los pinos
y amarillo a la genista.

Cerca del mar. Porque yo
nací en el Mediterráneo.

Miguel Hernandez - Menos tu vientre *

MUSICADO POR JOAN MANUEL SERRAT
 Joan Manuel Serrat - Menos tu vientre


Menos tu vientre,
todo es confuso.
Menos tu vientre,
todo es futuro
fugaz, pasado
baldío, turbio.
Menos tu vientre,
todo es oculto.
Menos tu vientre,
todo inseguro,
todo postrero,
polvo sin mundo.
Menos tu vientre,
todo es oscuro.
Menos tu vientre
claro y profundo.

Fernando Pessoa - Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Ferreira Gullar - Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

PLACEBO - INFRA-RED



PLACEBO - INFRA-RED

One last thing before I shuffle off the planet
I will be the one to make you crawl
So I came down to wish you an unhappy birthday
Someone call the ambulance there’s gonna be an accident

I’m coming up on infra-red,
There is no running that can hide you
Cause I can see in the dark
I’m coming up on infra-red,
Forget your running, I will find you

One more thing before we start the final face off
I will be the one to watch you fall
So I came down to crash and burn your beggars banquet
Someone call the ambulance there’s gonna be an accident

I’m coming up on infra-red,
There is no running that can hide you
Cause I can see in the dark
I’m coming up on infra-red,
Forget your running, I will find you
(I will find you! )

Someone call the ambulance there’s gonna be an accident
I’m coming up on infra-red,
There is no running that can hide you
Cause I can see in the dark

I’m coming up on infra-red,
Forget your running, I will find you
Cause I can see in the dark

I’m coming up on infra-red,
There is no running that can hide you
Cause I can see in the dark

I’m coming up on infra-red,
Forget your running,
I will find you
I will find you
I will find you

MUSE - INVINCIBLE



MUSE - INVINCIBLE

Follow through
Make your dreams come true
Don't give up the fight
You will be all right
Cause there's no one like you
In the universe

Don't be afraid
What your mind conceives
You should make a stand
Stand up for what you believe
And tonight we can truly say
Together we're invincible

And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible

Do it on your own
Makes no difference to me
What you leave behind
What you choose to be
and whatever they say
Your soul's unbreakable

And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible
Together we're invincible

And during the struggle
They will pull us down
Please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible

quinta-feira, 15 de maio de 2008

AND WHO THE HELL IS THE CHOSEN ONE?

IM THE ONE! É isso ai! Decidi. Não vou mais levar desaforo da vida. Não vou mais me deixar abater. Pq eu sou foda, eu sei q sou. Não quero desprezar ninguem, mas eu sou foda. Foda pra garai. E sei do meu valor. Sei do que sou capaz. Sei do que sou feito (valeu pai, valeu mãe!). E sei pra que sou feito. Sou feito pra durar. Im a survivor! Sobrevivente! Não tem porra nenhuma nesse mundo q possa me quebrar, ou me derrubar! SOu feito de carne osso, fibra e coração!

Então toma tropeço, toma tropeço e toma tropeço. mas cada vez q eu caí, me levantei. E não vejo porque não seria assim o resto da vida. E não bastasse a minha fortaleza, ainda tenho amigos. Amigos de verdade, irmãos de sangue e espirito, que as vezes são até mais fortes que eu. Então nada temo, nada temerei. Podem abrir os portões do inferno, roguem suas pragas sobre mim. NADA vai me derrotar. I WILL SURVIVE!

Fui forjado com sangue e aço. MAS como uma katana, eu sei ser flexivel. Sou como o bambu (pergunta pra q serve, silvio!). Então, as pessoas fazem o que querem. E eu fico lá de coração partido, mas pra minha surpresa, não importa quantas vezes o partam em mil pedaços, ele continua a bater! Ele continua a amar! Forte como o carvalho, flexível como o bambu.

Então fica aqui minha nota de anti-suicídio. VCs são testemunhas, os meus amigos q amo. Este é o dia em que me levanto, e brado perante o mundo, pode vir VIDA, pode vir quente q eu estou fervendo! E por mais q me derrubem, o chão não é nada comparado aos momentos em cima do touro! IM THE FUCKING CHOSEN ONE!!!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Florbela Espanca - Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”

segunda-feira, 31 de março de 2008

Crônica de um dia de Sol

O sol reduzia as sombras a pequenas linhas na base dos objetos. Os pássaros desenhavam círculos no céu azul claro, por entre fiapos brancos de um ou outro rascunho de nuvem. Os metais brilhavam com reflexos cegantes. Seus olhos recém libertos não se acostumavam à claridade do dia magnífico com que fora presenteado no dia mais importante de sua vida. Falando sinceramente, preferia mil vezes os dias nublados e chuvosos de quando fugia e se escondia pelo meio do mato. Livre. Ou até mesmo aqueles dias negros quando seus olhos e tudo o mais jaziam prisioneiros e a escuridão era seu reino.

Agora estava tudo acabado. Só lhe restava aquele horrível dia ensolarado. Aquelas nuvens brancas e aquele maldito céu azul. Que o diabo carregasse toda aquela beleza! Que fosse tudo pro inferno! Fechou os olhos, recusando-se á paisagem. Queria de volta seus dias cinzentos, que o protegiam no monte, queria de volta aquela chuva que escondia seus passos aos cães, queria de volta sua liberdade! Abriu os olhos e contemplou aquelas armas enfileiradas, seus canos frios e escuros olhando-o como um bando de lobos famintos. E dentro de cada um deles, quieto e silencioso na sua espera, um projétil ansiava pelo seu banquete de carne.

Fechou os olhos novamente. Recusava-se a morrer prisioneiro em um dia de sol. Morreria, sim, mas nos seus termos e condições. Transportou-se no tempo e espaço, e sentiu a temperatura diminuir na sua pele, o ouvido zumbir com a mudança de pressão. Corria, como sempre corria naqueles dias, os pés leves e descalços para não deixar marcas, as botas penduradas ás costas, a barra da calça dobrada até perto do joelho. Ao longe ouvia o latido dos cães e a gritaria dos homens. Mas agora sorria com a mudança de temperatura. Sabia que um dia pararia de correr, por bem ou por mal, mas não hoje. Hoje os céus e o monte o protegiam. O vento, amigo dos livres, trazia as nuvens do mar até o pé dos montes, e com elas a chuva que o esconderia dos malditos cães mais uma vez.

O céu já estava totalmente escuro agora, com seus odres cheios de água. Ao longe, sentiu as nuvens brilharem e gritarem sua fidelidade por sobre as cabeças dos seus perseguidores. E assim, uma a uma, milhões de gotas começaram a cair. Sorriu ao sentir suas palpebras molharem. Abriu os braços e agradeceu pelo descanso. Respirou fundo, aquele perfume de terra molhada pela primeira vez em dias, a camisa molhada grudando no seu peito arfante. Recomeçou a correr, com um sorriso no rosto, não o pegariam hoje!

Um grito quebrou o silêncio, e ouviu o ruído sincronizado de uma dúzia de armas sendo engatilhadas. Manteve os olhos fechados e o sorriso, sentindo ainda a chuva escorrendo dos cabelos molhados. Não morreria num dia de sol! Morreria livre, como a chuva que cai. A um novo grito seguiu-se um estampido, e sentiu os pequenos vermes de metal e fogo dilacerando-lhe a carne. Caiu de joelhos, as mãos atadas às costas, e tombou. Sentiu na boca a terra seca antes do gosto de ferro. Lá em cima, o sol brilhou-lhe zombeteiro, uma última vez.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Pablo Neruda - Farewell

1

Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste, como yo, nos mira.

Por esa vida que arderá en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.

Por esas manos, hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.

Por sus ojos abiertos en la tierra
veré en los tuyos lágrimas un día.

2

Yo no lo quiero, Amada.

Para que nada nos amarre
que no nos una nada.

Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron las palabras.

Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni tus sollozos junto a la ventana.

3

(Amo el amor de los marineros
que besan y se van.
Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.

En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.

Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar).

4

Amor el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.

Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.

Amor que quiere libertarse
para volver a amar.

Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.

5

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.

Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.

Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.

Fui tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.

Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.

...Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.

Pablo Neruda, 1923

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Can't take my eyes off you

Lá fora chove. A água cai do céu de uma forma que assustaria alguem que não conhecesse a chuva. Pingos grossos e fortes caem violentamente, ricocheteando no chão de asfalto e escorrendo pelas bordas da rua. As pessoas correm apressadas com seus guarda-chuvas pretos e coloridos, e suas capas e suas botas e em alguns casos, suas roupas molhadas. As portas se abrem de par em par, e mais uma figura encolhida entra no recinto, sacudindo inútil e esperançosamente a água dos ombros e braços, como se isso fosse deixa-lo mais seco. Por fim contenta-se. Levanta os olhos e procura sem resultados algum lugar vago. Senta-se então ao bar para esperar. Pede com um gesto uma bebida forte qualquer e ali fica, absorto em seus pensamentos. Nos seus ouvidos ecoa, cada vez mais presente, o som de uma canção familiar.
"You're just too good to be true..."
Ele ouve e solta o ar violentamente pelo nariz, mantendo a boca fechada, numa manifestação bem conhecida de ironia e sarcasmo. Seus olhos procuram no infinito uma reminiscência, uma imagem qualquer.
"Can't take my eyes off you..."
Teria sido diferente, se pergunta, caso não tivesse tirado os olhos dela? teria ela ficado se não fosse tão distante? Ou teria o destino conduzido tudo inevitavelmente para o mesmo fim? São perguntas que nunca serão respondidas, e ele tem consciência disso, mas não consegue evitar pensar nisso, os olhos fixos no resto amarelado ao fundo do copo.
"You'd be like heaven to touch, I wanna hold you so much..."
O bartender enche o copo de novo, complacente com aquela figura desconhecida, mas costumeira. Não o olha, mas sabe que tipo de pensamentos rolam nas ondas tempestuosas da memória. Já viu muitas vezes os mesmo olhos tristonhos e perdidos, em muitos semblantes, sempre a mesma dor, sangrando por dentro por motivos vários. E ele, pensa na pele macia que seus dedos acariciaram durante horas intermináveis, que o enlouquecia ponto de querer arrancar os olhos, para sentí-la apenas com o tato. Como se fosse uma maldita escrita em Braille. Lá fora a chuva cai. E a música corre como as memórias no seu pensamento.
"Pardon the way that I stare..."
As unhas curtas da mão direita arranham levemente o tampo do balcão, a esquerda no copo e os olhos em lugar algum. Ela costuma rir e perguntar o que tanto olhava. Ele sorria e respondia: "você". Ela pedia que parasse, ele concordava, mas logo estava olhando de novo. Perscrutando cada centímetro dela, cada onda e reflexo do cabelo, cada curva do seu rosto. Não podia parar, nunca conseguia, apenas ficava ali hipnotizado pela sua alegria.
"There's nothing else to compares..."
Realmente. Nada, nem ninguém podia ser comparado. Sua unicidade era uma verdade absoluta. Nada chegava perto de ser comparado. O resto do mundo parecia fosco e desfocado desde que a conhecia. O único brilho era ela, o centro do universo. Ninguém mais existia sequer. Só ela.
"The sight of you makes me weak..."
Riu. O mais próximo de uma palavra que dissera até então. Se alguma vez fora forte, foi com ela ao seu lado. Mas agora percebia o quanto tinha sido fraco. Cada vez que a via era como se todas suas defesas deixassem de existir. Uma cidade sem muros, uma casa sem cerca. Uma rosa sem redoma, apenas espinhos para proteger dos tigres.
"There are no words left to speak..."
Nunca pode explicar com palavras o que sentia. Tentava e tentava, mas não conseguia. As palavras secavam em sua boca, antes que as pudesse dizer. Teria que ser o melhor poeta de todos os tempos para encontrar uma forma de dizer o que corria dentro de sua alma.
"I love you baby, trust in me when I say..."
Como a amara. Nunca amara ninguém dessa forma. Quiçá nunca amara realmente até aquele dia quando pousou sua mão sobre a dela. Jamais saberia. O que é o amor? Agora nunca saberia. Esqueceria. Alguma coisa apertava e amargava no seu peito. Sentia-se rasgado por uma dor que nada curaria.
"Oh, pretty baby, now that I found you, stay
And let me love you, baby.
Let me love you..."
Repetiu o último verso, imaginando mil razões que não lhe permitiram a amar. Mas a verdade, se existe tal coisa, é que ela agora queria outro amor, não o dele. Colocou uma nota velha e amassada embaixo do copo, a música ainda ecoando em seus ouvidos cansados, e com os olhos cheios de ontem, abriu as portas de par em par e saiu.
Lá fora ainda chove.

Pablo Neruda - Poema XX

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.

Bob meets The Beatles


Holy shit again!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Sid and Nancy



holy shit! É uma das coisas mais engraçadas q eu já vi na história do punk rock!!

JACQUES BREL - NE ME QUITTE PAS

 Jacques Brel - Ne me quitte pas


ou tente ouvir a música aqui

Ne me quitte pas
não me deixes
Il faut tout oublier
é preciso esquecer tudo
Tout peut s`outblier
tudo pode ser esquecido
Que s`enfuit déjà
o que nos escapa
Oublier le temps de malentendus
esquecer o tempo dos mal-entendidos
Et le temps perdu
e o tempo perdido
À savoir comment
procurando saber como
Oublier ces heures
esquecer estas horas
Que tuaient parfois
que às vezes matam
Á coups de pourquois
com golpes de " porquês"
Le coeur du bonheur
o coração da felicidade
Ne me quitte pas
não me deixes

Moi, je t`offrirai
eu te oferecerei
Des perles de pluie
pérolas de chuva
Venues du pays
vindas de um país
Où il ne pleut pas
onde não chove
Je croiserai la terre
atravessarei a terra
Jusque près ma mort
até perto de minha morte
Pour couvrir ton corps
para cobrir teu corpo
D`or et de lumière
de ouro e luz
Je ferai un domaine
eu farei um lugar
Où l`amour sera roi
onde o amor será rei
Où l`amour sera loi
onde o amor será lei
Et tu sera reine
e tu serás rainha
Ne me quitte pas
não me deixes

Ne me quitte pas
não me deixes
Je t`inventerai
eu te inventarei
Des mots insencés
palavras insensatas
Que tu comprendras
que tu compreenderás
Je te parlerai
vou te falar
De ces amants là
desses amantes
Que ont vu des fois
que às vezes viram
Leurs coeurs s`embraser
seus corações se incendiar
Je te raconterai
vou te contar
L`histoire de ce roi
a história desse rei
Mort de n`avoir pas
morto por não ter
Pu te rencontrer
podido te encontrar
Ne me quitte pas
não me deixes

On a vu souvent
tantas vezes vimos
Rejaillir le feu
renascer o fogo
De l`ancien volcan
do antigo vulcão
Qu`on croyait trop vieux
que acreditava-se velho demais
Il est, paraît`il
parece que tinha
Des terres brulées
terras queimadas
Donnant plus de blé
dando mais trigo
Qu`un meilleur avril
que a melhor colheita
Et comme bien des soirs
pois, em quantas tardes
Pour qu`un ciel flamboie
para que o céu fique flamejante
Le rouge et le noir
o vermelho e o negro
Ne s`épousent t`il pas ?
não se casam ?
Ne me quittes pas
não me deixes

Ne me quittes pas
não me deixes
Je ne veut plus pleurer
eu não quero mais chorar
Je ne veut plus parler
não quero mais falar
Je me cacherai là
vou me esconder ali
À te regarder
só te olhando
Danser et sourire
dançar e sorrir
Et à te écouter
e te escutando
Chanter er puis rire
cantar, e depois rir
Laisse moi devenir
deixe que eu me transforme
L`ombre de ton ombre
na sombra da tua sombra
L`ombre de ta main
na sombra da tua mão
L`ombre de ton chein
ou na sombra do teu cão

Ne me quitte pas
mas não me deixes
Ne me quitte pas
não me deixes
Ne me quitte pas
não me deixes

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO - SOMEWHERE IN TIME

Acabo de assistir "Em algum lugar do passado" (Somewhere in time - 1980), adaptação para o cinema da obra de Richard Matheson, Bid time return. Não sei se é pela atual conjuntura da minha vida ou o que, mas me emocionou até as lágrimas. É uma história de amor correspondido, mas sofrido, como não se faz hoje em dia. È um romance á moda antiga, como Doutor Jivago. Hoje se fala em filme romântico e todo mundo pensa nas chamadas comédias românticas. Não que eu não goste, mas ... Enfim, apesar do enredo de ficção cientifica da sessão da tarde - homem volta no tempo para encontrar o amor da sua vida - o filme é uma história bem tradicional. E com uma trilha sonora fodástica, com direito a rápsodia do Rachmaninoff e tudo. Muito bom, recomendo a quem gosta de histórias de amor. Aliás, recomendo a quem gosta de cinema.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

SINÉAD O'CONNOR - NOTHING COMPARES TO YOU



SINÉAD O'CONNOR - NOTHING COMPARES TO YOU

It's been seven hours and fifteen days
Since you took your love away
I go out every night and sleep all day
Since you took your love away
Since you been gone I can do whatever I want
I can see whomever I choose
I can eat my dinner in a fancy restaurant
But nothing
I said nothing can take away these blues
`Cause nothing compares
Nothing compares to you

It's been so lonely without you here
Like a bird without a song
Nothing can stop these lonely tears from falling
Tell me baby where did I go wrong
I could put my arms around every boy I see
But they'd only remind me of you
I went to the doctor n'guess what he told me
Guess what he told me
He said girl u better try to have fun
No matter what you'll do
But he's a fool
`Cause nothing compares
Nothing compares to you

all the flowers that you planted, mama
In the back yard
All died when you went away
I know that living with you baby was sometimes hard
But I'm willing to give it another try
Nothing compares
Nothing compares to you
Nothing compares
Nothing compares to you
Nothing compares
Nothing compares to you

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Broken heart again

E assim é, a vida segue seu curso natural. As pessoas se encontram, se conhecem, se apaixonam, e no meu caso chegam a este estágio. Coraçãozinho sempre parece que não vai mais aguentar. Mas eles sobrevive. Então, assim é, cá estou eu de novo com o coração espatifado em milhares de pedacinhos. Se vc acha que pode curar minha dor, costurar meu coração e o deixar pronto pra outra, deixe aqui o seu currículo. Como sei que vc provavelmente não existe e é apenas uma ilusão criada pelo meu cérebro solidário com a dor do coração, não vou deixar nenhum telefone de contato. Obrigado pela atenção.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

THE PRETENDERS - I'LL STAND BY YOU


Oh, why you look so sad?
Tears are in your eyes
Come on and come to me now
Dont be ashamed to cry
Let me see you through
cause Ive seen the dark side too
When the night falls on you
You dont know what to do
Nothing you confess
Could make me love you less

Ill stand by you
Ill stand by you
Wont let nobody hurt you
Ill stand by you

So if youre mad, get mad
Dont hold it all inside
Come on and talk to me now
Hey, what you got to hide?
I get angry too
Well Im a lot like you
When youre standing at the crossroads
And dont know which path to choose
Let me come along
cause even if youre wrong

Ill stand by you
Ill stand by you
Wont let nobody hurt you
Ill stand by you
Take me in, into your darkest hour
And Ill never desert you
Ill stand by you

And when...
When the night falls on you, baby
Youre feeling all alone
You wont be on your own

Ill stand by you
Ill stand by you
Wont let nobody hurt you

Ill stand by you
Take me in, into your darkest hour
And Ill never desert you
Ill stand by you
Ill stand by you
Wont let nobody hurt you
Ill stand by you
Wont let nobody hurt you
Ill stand by you



Preciso te dizer mais alguma coisa?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

CARTA PARA UMA AMIGA AO LONGE

As vezes olho algumas fotografias, pra me lembrar que você é real. O retrato de sempre acaba te prendendo numa moldura, engessando quem você é. Por alguns momentos parece que é só isso. Só o sorriso maroto com o mar ao fundo.
Então quando vejo as fotografias me lembro um pouco mais de quem és. Pequenos detalhes, um pé sujo aqui, um barril de chop ali, e quase sempre o sorriso. Teu desprendimento e a importância que as pequenas lembranças parecem ter para ti, podem gritar em antagonismo, mas ali, naquele pedacinho de luz congelada, estão em harmonia.
As paisagens mais lindas são teu cenário, e eu não consigo saboreá-las, porque pra mim são sempre tuas fotografias, e só você existe nelas. A única estrela de uma estória fantástica. E pra mim só há a areia porque teu pé a pisa, só existe o vento porque teu cabelo voa, toda luz vem dos teus olhos, todo personagem é você e o que sinto ao longe.
Quando vejo essas fotografias tenho vontade de te sentar ao pé do mar e te falar de coisas belas, te contar do amor e da flor, te levar pra ver a nuvem, o brocóli e a neve, os olhos tristes de um cão que espera o amigo e o sorriso do cego que vê tudo isso melhor que nós. Quero te mostrar como o mundo pode ser lindo e como toda dor pode ser poesia. Tenho vontade de molhar meus pés nessa areia que carrega teu peso, sentir o vento que massageia teus cabelos, ao teu lado, mãos dadas em silêncio e quietude.
Quando o tempo torna a distância tão presente, são esses detalhes que me fazem sentir te menos ausente. Acolá teus cabelos molhados. Teus cabelos. Sua imagem me lembra seu cheiro. O cheiro me lembra teus abraços, e assim vou, me perdendo em fotografias, teu sorriso assassinando minha dor, sangrando minha saudade pra que eu possa viver mais um dia, mais algumas horas sem acariciar tua pele, teu rosto, teu cabelo, até que chegue a noite novamente, e eu me deite a olhar tuas fotografias.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

REENCONTRO IMAGINÁRIO AO SOM DO NOTURNO EM MI BEMOL, OPUS 9, N°2, DE CHOPIN

ler ao som do Noturno em Mi bemol de Chopin. baixar aqui.
 
Chopin - Nocturne




As mãos caem, suaves e determinadas sobre as teclas do piano, enquanto nossos olhos se perdem no tempo. E assim como elas as nossas mãos também se juntam. Puxo-te em direção a mim, e nos abraçamos. Primeiro forte e depois mais suave, como a chuva que cai de repente. Minha mão corre pela tua cintura e as tuas pelas minhas costas. Você aninha tua cabeça no meu peito e fecha os olhos, e vamos assim, num suave balanço ao som da música, rodando pelo quarto que se transformou em salão. Você veste agora o vestido mais lindo e eu minha farda de gala. Nossos pés não sentem o chão, o atrito deixou de existir, só restamos você, eu e a música. Os convidados riem e aplaudem a graça da sua princesa, mas não os ouço, porque tua mão está dentro da minha feito um passarinho que caiu do ninho.

Você roda e ri, iluminando tudo ao seu redor com tua luz, com teu sorriso. Agora todos dançam ao nosso redor, as estrelas, os cometas, os mundos infinitos, ao som do piano, acompanhando os nossos passos pela galáxia. E então não existe mais nada, o universo inteiro somos nós e a música. Toda a energia concentrada num ponto, eu e você. E nós alheios a tudo isso, rodopiando pelo vazio. Fecho meus olhos e sinto teu coração bater no meu peito, apagando toda dor que a saudade um dia me trouxe.
Só existe no meu ser este momento, como se minha vida inteira houvesse vivido pra isso. Todos os meus erros , meus pecados, minhas pequenas mentiras, tudo conduziu a este momento,onde não existe mais dor nem sofrimento, só você, e eu, e a música.

E agora, somos só duas luzes vagando pelo infinito, uma só chama pra quem olhar de longe, um só coração pra quem ouvir de perto. Duas almas unidas pela música e por algo mais que ninguém pode explicar. Uma estrela. A única estrela. A estrela que deu origem a todas as outras. Viajando pelo cosmos, iluminando toda escuridão com nossa luz. Enchendo o espaço com o nosso calor. Nada mais existe, só nós e o nosso amor, a única estrela, a única luz. Eu, você, e a música. Seus olhos fechados ainda, sua respiração calma e suave, encostada no meu peito, num momento de ternura infinita, esperando que dure pra sempre, o que já vai acabar.

Pausa.

A música acabou. Abro os olhos e ainda consigo ver os teus. Num último relance, antes de tudo voltar ao que era, e à solidão.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

LOST - THE SYNCHRONIZING

Pra quem curte lost, taí um video interessante pra ver. Uma sincronização dos momentos que precederam a queda do avião. Muito bom. Deve ter dado um trabalhão.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

TODO PODEROSOS

Ontem assisti ás duas encarnações de Morgan Freeman como Deus. Bruce almighty (Todo poderoso - 2003) e Evan almighty (A volta do todo poderoso - 2007), o primeiro com o genial Jim Carrey, e o segundo com o cada vez mais impagável Steve Carell. E apesar de todo o meu apreço pelo Jim, devo admitir que o segundo filme é um dos raros casos onde a continuação é melhor que o filme original. Acho que no primeiro, eles podiam ter aproveitado melhor a idéia, mas o que conta mesmo é que ri muito mais com este último. Só espero que eles não façam um terceiro...

Sobre o post anterior

Rá! Eu sempre disse, e nunca ninguém me ouviu. Palavrão é uma parte importante da linguagem. Eu odeio quando estou certo. Sério, já me encheu o saco. Depois me chamam de arrogante...
Xingamos porque temos que xingar. Não são os palavrões que são ruins, mas sim a carga que as pessoas colocam nas palavras.

A ciência do palavrão - Os xingamentos mostram a evolução da linguagem, das sociedades e, de quebra, ajudam a desvendar o cérebro.

Texto Alezandre Versignasi e Pedro Burgos, publicado na Superinteressante deste mês.
http://super.abril.com.br/revista/249/materia_revista_267997.shtml?pagina=1



Por que diabos “merda” é palavrão? Aliás, por que a palavra “diabos”, indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo como “filha-da -puta”, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.

Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões “moram” nos porões da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. É o fundo do cérebro, a parte que controla nossas emoções. Trata-se de uma zona primitiva: se o nosso neocórtex é mais avantajado que o dos outros mamíferos, o sistema límbico é bem parecido. Nossa parte animal fica lá.

E sai de vez em quando, na forma de palavrões. A medicina ajuda a entender isso. Veja o caso da síndrome de Tourette. Essa doença acomete pessoas que sofreram danos no gânglio basal, a parte do cérebro cuja função é manter o sistema límbico comportado. Elas passam a ter tiques nervosos o tempo todo. E, às vezes, mais do que isso. De 10 a 20% dos pacientes ficam com uma característica inusitada: não param de falar palavrão. Isso mostra que, sem o gânglio basal para tomar conta, o sistema límbico se solta todo. E os palavrões saem como se fossem tiques nervosos na forma de palavras.

Mas você não precisa ter lesão nenhuma para se descontrolar de vez em quando, claro. Como dissemos, basta tropeçar numa pedra para que ela corra o sério risco de ouvir um desaforo. Se dependesse do pensamento consciente, ninguém nunca ofenderia uma coisa inanimada. Mas o sistema límbico é burro. Burro e sincero. Justamente por não pensar, quando essa parte animal do cérebro “fala”, ela consegue traduzir certas emoções com uma intensidade inigualável.

Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido mais profundo da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra forte. “Paixão”, por exemplo. Ela tem substância, sim, mas está longe de transmitir toda a carga emocional da paixão propriamente dita. Mas com um grande e gordo “puta que o pariu” a história é outra. Ele vai direto ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem fala direto para o de quem ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores consideram o palavrão até mais sofisticado que a linguagem comum.


É o que pensa o psicólogo cognitivo Steven Pinker, da Universidade Harvard. Em seu livro mais recente, Stuff of Thought (“Coisas do Pensamento”, inédito em português), ele escreveu: “Mais do que qualquer outra forma de linguagem, xingar recruta nossas faculdades de expressão ao máximo: o poder de combinação da sintaxe; a força evocativa da metáfora e a carga emocional das nossas atitudes, tanto as pensadas quanto impensadas”. Traduzindo: palavrões são f*. Tão f* que nem os usamos só para xingar. Eles expressam qualquer emoção indizível, seja ruim, seja boa. Então, se um jogador de futebol grita palavrões depois de marcar um gol, ele não o faz por ser maleducado, mas porque só uma palavra saída direto do sistema límbico consegue transmitir o que ele está sentindo.

Outra prova de eficácia é que eles estreitam nossos laços sociais. Se você xingar alguém gratuitamente e o sujeito não ficar bravo, significa que ele é seu amigo. Daí que grupos de homens adoram usar cumprimentos como “Fala, cuzão!” Isso deixa claro que todos ali são íntimos. “Perceber o xingamento como agressão ou ferramenta social depende do contexto”, disse o psicólogo Timothy Jay, da Faculdade de Artes Liberais de Massachusetts, para a revista americana New Scientist. “Num vestiário masculino, por exemplo, quem não xinga é o ‘panaca’”.

Timothy Jay sabe do que está falando. É um expert em palavrões. Ele passou as últimas 3 décadas anotando as sujeiras que ouvia em lugares públicos. Juntou mais de 10 mil ocorrências. E colocou em números cientificamente rigorosos (na medida do possível) aquilo que você já sabia: “foda” e “merda” (ou “fuck” e “shit”) correspondem à metade de todos os palavrões ditos (em inglês) – sem contar suas variantes.

Não é à toa. Como os palavrões nascem na parte primitiva do cérebro, quase todos versam sobre as duas coisas mais básicas da existência:

Veja só. “Merda” é um palavrão mais ofensivo que “mijo”, por sua vez mais pesado que “cuspe”, que nem palavrão é. Se você fosse excretar alguma dessas coisas na rua, essa também seria a ordem de impacto nas outras pessoas – do mais para o menos chocante. Coincidência? “Não. Não é por acaso que as substâncias que mais dão nojo também sejam vetores de doenças. A reação de repulsa à palavra é o desejo de não tocar ou comer a coisa”, afirma o médico americano Val Curtis no livro Is Hygiene in Our Genes? (“A Higiene Está nos Nossos Genes?”, sem tradução para português).

Se é fácil entender por que excrescências são palavrões, não dá para dizer o mesmo sobre os termos ligados ao sexo. Afinal, sexo é bom, não? Não necessariamente. “Ele traz altos riscos, incluindo doenças, exploração, pedofilia e estupro. Esses males deixaram marcas nos nossos costumes e emoções”, diz Pinker. Foquemos em “estupro”. Do ponto de vista evolutivo, ele foi vantajoso para os homens. Pegar mulheres à força permitia que um macho fizesse dezenas, centenas de filhos, coisa que contou pontos no jogo da evolução. Já para as mulheres isso é o inferno. O papel delas é ter poucos, e bons, filhos. Então selecionar o pai é fundamental, e engravidar de alguém que a violentou, um baita prejuízo.

Daí foi natural que a expressão “foder alguém” virasse sinônimo de “fazer um grande mal”. Para entender isso melhor, complete a frase “João ___ Maria” para mostrar que eles transaram, usando apenas uma palavra. Quase todas as opções para preencher a lacuna são palavrões. Já os termos leves para relação sexual sempre carregam a preposição “com”: você pode dizer que João fez amor com Maria, dormiu com, fez sexo com, transou com... Todos os exemplos indicam que João e Maria participaram do sexo de igual para igual.

Com os palavrões, a história é outra. Eles deixam claro: Maria está sempre numa posição inferior. Note que a origem de “fodido” e seus equivalente não envolve o sexo apenas como uma ferramenta de submissão de homens contra mulheres. Mas de homens contra homens também. O estupro homossexual sempre foi, e segue sendo, uma forma eficaz de deixar claro num bando de machos quem é o chefe – a violência sexual dentro dos presídios está aí para provar. A coisa é tão arraigada que até uma palavra inocente hoje, como “coitado” ou “tadinho”, sua variante mais fofa, significa “aquele que sofreu o coito”. Mas espera aí: como algo tão barra-pesada vira uma palavra até bonitinha? É o que vamos ver.

“Que se dane!”, “diabos” ou “vá para o inferno” já foi algo mais impactante. Claro: até décadas atrás não havia prognóstico pior que não ir para o céu quando morresse. Então, quando a idéia era insultar para valer, nada melhor que mandar alguém para o inferno. “A perda de eficácia das palavras tabus relacionadas à religião é uma óbvia conseqüência da secularização da cultura ocidental”, afirma Pinker.

Outra: quando a palavra “câncer” era sinônimo de morte, também não podia ser dita livremente. Nos obituários, a pessoa não morria de câncer, mas de “uma longa enfermidade”. Com os avanços no tratamento, a coisa mudou de figura, e câncer, apesar de ainda dar calafrios, virou uma palavra bem mais corriqueira.

As doenças em geral, na verdade, passaram por um processo parecido. Em Romeu e Julieta, de Shakespeare, por exemplo, há uma passagem dizendo: “Que a peste invada as casas de ambos!” Uma baita ofensa no século 16, quando a peste bubônica ainda era uma ameaça na Europa. Mas agora, no mundo limpo e cheio de antibióticos que a gente conhece, o xingamento shakespeariano parece inócuo.

E também há o inverso: palavras normais que viram tabu. Em algum momento da história do português um sujeito chamou pênis de “pau”. E uma palavra originalmente “pura” enveredava para o mau caminho. Nada mais comum: hoje ninguém se lembra mais de “caralho” como sendo a cestinha que ficava no alto do mastro dos navios, ou “boceta” como uma caixa pequena e redonda. “A palavra vira tabu quando ganha um sentido simbólico”, afirma o etimólogo Deonísio da Silva, da Universidade Estácio de Sá.

Mais uma mostra de como os palavrões flutuam com o espírito do tempo são as expressões que são tabu num lugar e não têm nada de mais em outro. Se você for a Portugal, vai ver que eles preferem cu e rabo para referirem-se às nádegas, e que coram quando alguém fala “broche” (o termo sujo para sexo oral).

Mas quem decide o que é palavrão e o que não é? “Isso depende dos mecanismos de conservação da língua, que são o ensino, os meios de comunicação e os dicionários. As palavras relacionadas a sexo que não são palavrões são quase todas da literatura científica, como pênis e ânus”, explica a lingüista Wânia de Aragão, da Universidade de Brasília. Não que isso impeça termos científicos de hoje, como “pedófilo”, de virar palavra suja um dia. A palavra “esquizofrênico”, por exemplo, nasceu na ciência, mas agora, com o aumento dos dignósticos de doenças mentais, caiu na boca do povo. E está virando xingamento.

Mas saber quais serão os palavrões do futuro é tão impossível quanto prever o futuro da tecnologia, da humanidade ou do Corinthians. O escritor e comediante inglês Douglas Adams, resumiu isso bem no clássico O Guia do Mochileiro das Galáxias. O livro diz que o palavrão mais sujo entre os habitantes dos outros planetas da Via Láctea é uma expressão bem conhecida dos terráqueos: “bélgica”

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Casaria com ela...

Esse é um dos poemas que eu escrevi pro meu livro ainda não publicado. Vou aos poucos colocando algumas coisinhas aqui.

Casaria com ela
teria vinte e nove filhos
e uma casa no campo
com cadeiras na varanda
para ver o pôr-do-sol
Atrás da casa, uma horta
com muita couve, rúcula e hortelã
e pela frente, o jardim
com rosas vermelhas
e também rosas e brancas
Nas janelas, vasos de violetas
E no nosso quarto, uma cama comum
nem grande, nem pequena
porque tanto faz,
nosso amor não caberia
em cama nenhuma,
grande ou pequena.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Quero...

Quero correr meus dedos pela tua porta, sentir o nó dos dedos batendo de leve na madeira, cada golpe com seu som e eco. Ouvir tua voz pedindo pra esperar, sem saber quem está ali fora aguardando. Prestar atenção aos som dos teus passos se arrastando apressados, calçando um chinelo fujão, enquanto meu coração ansioso dispara. Respirar fundo, me apoiar no batente e me preparar para deliciarme com o teu sorriso surpreso ao puxar a maçaneta e me ver parado á tua frente.
Quero entrar sem pedir licença, recuar-te sem toques, até estarmos no teu lugar. Só então levantar minha mão em direção ao teu rosto. Estender os meus mudos dedos um a um, singrando o silêncio eterno do momento, disfrutando a distância até tua face, a eletricidade pulsando entre eles no instante em que tocam tua pele. Correm lentos em direção ao teu cabelo, acariciando te suavemente por trás da orelha, puxando-nos levemente em direção ao outro. Teus olhos abertos, engolindo a luz refletida pelo meu rosto, enquanto o mundo congela, o segundo entre nossos lábios contendo agora milênios e eras. De pronto teus cílios se negam a ficar separados e se juntam como nós, pele contra pele.
Quero umedecer tua boca lentamente, morder cada pedacinho do teu lábio até o outro ficar com ciúme, meu braço correndo pela tua cintura, te prendendo como uma serpente, uma mão nas tuas costas e a outra decifrando teu rosto. Te apoiar na parede e me perder no teu abraço. beijar teus olhos, teu nariz, tua testa. Beijar cada pedaço do teu rosto, sem descansar, apenas parar de tempo em tempo para admirar teus olhos fechados.
Por fim, te deitar suavemente na tua cama, e juntos desfrutar a eternidade.

Joy Division

E eu não podia deixar de comentar aqui, hoje é o aniversário do primeiro show do Joy Division. 30 anos já. E é impressionante como o som não perdeu pureza nem relevancia. Trinta anos depois e os caras continuam influenciando muitas bandas boas que estão surgindo. Vida longa ao JOY.

She Wants Revenge - She Wants Revenge (2006)

Muita gente acredita que a chamada darkwave, de grupos como The Cure, Joy Division, bauhaus e outros acabou nos anos 80, mas o grupo (duo?) americano "She Wants Revenge" prova que não logo no seu album de estréia. Lançado em 2006, não é mais exatamente uma novidade, mas pra quem ainda não conhece e gosta das bandas citadas anteriormente, o disco homônimo é uma pedida.

Numa atmosfera sombria e vibrante, devido a suas batidas fortes e marcadas, suas músicas pulsam enquanto as letras falam de dor, sexo, perda e solidão, bem como encontros e separações. Letras que exatamente como eu gosto, permitem mais de uma interpretação, e em mais de um momento te deixam com uma indagação na cabeça: Do que raios eles estão falando?

Embora alguns digam que sua maior influência seria o The Cure de Robert Smith, na minha opinião o Joy Division de Ian Curtis é sem duvidas quem mais aportou para a sonoridade que o grupo consegue obter, principalmente nas vocalizações. O fruto é um disco coeso, onde as músicas mantêm uma forte identidade sem serem repetitivas. Vale a pena ouvir com atenção.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Chiara Bautista - Gift

Gift = dádiva, presente.

STARDUST

Baseado em Neil Gaiman (como esse cara deve ter sofrido no colégio com esse sobrenome), STARDUST, ou "o mistério da estrela", como foi traduzido, é um desses filmes qu vale a pena assistir. È uma clássica história de fantasia, com bruxas, piratas, príncipes bons e príncipes maus, reis, príncesas, amores e desenganos, porém com um pequeno diferencial. Este tem uma estrela.
A história é bem bonita e o filme tem um casting interessante, com Robert DeNiro e Michelle Pfeiffer, além de Peter O'Toole no papel de um Rei moribundo. Recomendo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Segundona!

Título muito apropriado para um corintiano como eu, mas não é de futebol que eu vim falar. Me referia ao dia da semana, mas tudo bem... Não postei ontem pq era dia de ficar em casa. Fui na formatura da minha amiga G. no sábado e diverti pracas! A idéia era ber todas e dançar muito, mas acabei bebendo o suficiente, comendo o suficiente e dançando o suficiente. Sem exageros e foi divertidíssimo. O unico exagero foi acordar as três no domingo... hehehe. Assim q botar minhas mão nas fotos eu posto algumas. O legal foi encontrar um monte de gente conhecida q eu não via faz tempo. O meu amigão M. estava lá, dançamos pracas, e minha colega T. também, conversamos bastante. E como em toda formatura, sempre acontecem aquelas coisas que não se devem publicar, então melhor eu parar por aqui. hehe. Muito bom!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sobre raposas e príncipes...

Já tem mais de dez anos agora. Eu estava no colegial, em boiçucanga, e todas as noites, antes e depois das aulas, eu costumeiramente passava na banca de jornais da pracinha para folhear (leia-se ler descaradamente) os gibis. Um belo dia outro cara fez a mesma coisa, não lembro se eu estava lá primeiro e ele chegou depois, ou se foi o contrario. A questão é que conversamos um pouco, sobre HQ, obvio, e depois da aula, sem prévio acordo nos encontramos lá de novo. HAhah. Foi ai q coemçou nossa amizade. A gente já viveu muita coisa junto, mas agora eu to aqui em São Carlos e ele tá na BAhia. E puta que o pariu, como eu tenho saudade dele. Foi uma das razões por eu ter chorado no reveillon. A gente sempre estava junto nessa época do ano. Eu, ele e o G. Então, hoje eu tava vendo umas fotos da festa de lançamento do clipe do G. e do A. , e entre varios rostos queridos, lá estava ele. Foi aí que eu percebi quanta falta ele me faz. Puta saudade. A gente conversava de tudo. Politica, religião, futebol, música e etc. Quase sempre discutiamos, mas nunca brigamos. Puta, como eu amo esse cara. Meu bom amigo C., saudade de vc, meu velho!

Bridget Jones / All By Myself

Hoje eu estava assistindo, no meio de uma maratona de Friends (terminei de baixar as ultimas três temporadas), O Diário de Bridget Jones. Boa trilha sonora, por sinal. Logo no começo do filme, a protagonista nos conta que:

"foi assim, bem ali, aquele foi o momento, de repente, percebi que se nada acontecesse logo,meu principal relacionamento seria com uma garrafa de vinho, por fim, morreria gorda e sozinha e seria encontrada 3 semanas depois parcialmente comida pelos cães, ou me transformaria na Glenn Close de 'Atração Fatal".

entram então os acordes de All by Myself, cuja letra transcrevo abaixo.

When I was young
I never needed anyone
And makin love was just for fun
Those days are gone

Livin alone
I think of all the friends I've known
But when I dial the telephone
Nobodys home

Hard to be sure
Some times I feel so insecure
And love so distant and obscure
Remains the cure

All by myself
Dont wanna be
All by myself anymore


Puta merda, como a gente se sente sozinho na federal nesta época do ano. Aliás, e que época pra assistir justamente esse filme também... Promessas de começo de ano são sempre tão dificeis de se manter, mas enfim, pq não fazê-las quando se está insatisfeito comos rumos atuais?Então melhor não chamá-las de promessas e sim de metas, afinal, estas existem pra serem cumpridas, enquanto aquelas estão para serem quebradas... hehe.
Então deixo aqui registradas minhas metas principais pra este ano q começa em 7 de fevereiro.

meta acadêmica: entrar no mestrado. sem firulas, nada de tentar, o lance é passar.
meta profissional: arrumar um emprego que dê suporte para as outras metas sem me matar primeiro.
meta de lazer: fazer um mochilão pela américa do sul. trem e carona, pra onde o destino levar.

Claro que existem outras metas, tipo entrar em forma, voltar a praticar esportes, música, e etc, mas as principais são mesmo aquelas. Ah, e dar um jeito de voltar a ser como era antes, q mesmo no meio do Saara, nunca me sentia sozinho, apesar de toda a minha carencia afetiva. E passar mais tempo com as pessoas q realmente importam, as pessoas q amo.

Já os planos a curto prazo são mais simples. Amanhã, se minha querida amiga G. permitir, eu pretendo ficar muito bêbedo, afinal, é a primeira vez que sou convidado pra uma formatura, embora já tenha trabalhado em muitas. E olha só, primeira vez que vou vestir um terno na vida. Pelo menos passei dos vinte e cinco sem eles, hehe. Como diz o Barney, Suit Up!!!

mais uma de chiara

Essa chama Take me home. Acho q não preciso comentar muita coisa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

So no one told you life is gonna be this way, ou No one told you when to run

Não sei como outras pessoas se sentem com relação a isso, mas conforme o tempo passa, ás vezes me sinto meio atropelado pela vida. O tempo vai passando e um belo dia você descobre ter que fazer um monte de coisas não tão legais assim, apenas pra continuar vivendo. Tem que procurar um trabalho, estudar e assumir responsabilidades, isso sem falar nos pequenos detalhes como comer e dormir, e no meu caso, tomar minhas drogas... E tudo isso para quê? Pra fazer as coisas legais? Ou não? As vezes me sinto como se eu estivesse parado no meio de uma maratona. Olho pros lados e as pessoas estão todas correndo. E eu lá vendo todo mundo passar. Ás vezes dá vontade de correr junto, mas essa vontade passa logo. É como diz a canção, ninguém te avisou quando correr, você perdeu o tiro de largada...
Não que não goste da vida como ela é e esteja reclamando como o Raul, mas sinceramente ás vezes ela me enche o saco. Fica aquele tédio soberano e nem as coisas divertidas parecem mais tão divertidas. Mas como dizia Minmay, a vida é apenas o que nós escolhemos fazê-la, então eu suponho que deve ser culpa minha. É, vamos ver se consigo fazer diferente este ano. O ano novo é quando? Droga... Já foi... Mas sempre pode se usar o calendário lunar... verdade... o ano ainda não começou. Bom, quando começar eu começo então. Aproveitar esse finalzinho de ano pra me preparar pro próximo!

rebobine aqui...

Mais uma vez, Chiara Bautista aka Milk. A mina é genial...

O Pequeno Príncipe - cap. XXI

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu
nada.
Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho - Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas
também. É a única coisa interessante que eles fazem - Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços.
- Criar laços?
Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto
inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não
tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil
outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para
mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
Começo a compreender, disse o principezinho.
Existe uma flor. . . eu creio que ela me cativou ...
É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra ...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom ! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as
galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço
um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um
barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar
debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá
longe, os campos de trigo?
Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram
coisa alguma. E isso é triste Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso
quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o
barulho do vento no trigo ...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho
amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não
têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como
não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos, Se tu queres um amigo,
cativa-me!
Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe
de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A
linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto ...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo,
às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for
chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a
hora de preparar o coração ... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa, É o que faz com que um
dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por
exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quintafeira
então é o dia maravilhoso!
Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam
todos iguais, e eu não teria férias !
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a
raposa disse:
- Ah ! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste
que eu te cativasse ...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar ! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada !
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás
para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda.
Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era
uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo.
Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa,
sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é,
porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a
redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto
duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou
mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se
lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves
esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável
pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se
lembrar.

senseless

é estranho viver sem ter semancol. não notar coisas que todo mundo nota.
é estranho viver anos achando que conhece alguem e um dia a pessoa simplesmente estoura.
desabafa e conta toda uma verdade q você nem imaginava existir. faz vc se sentir um lixo.
mas eu prefiro assim. sempre preferi a sinceridade sem pejos. a verdade na lata.
doa a quem doer, a mim a verdade não machuca. por mais sórdida ou inesperada.
me dói mais a desconfiança, a ocultação. mas eu não me importo.
não me importo com nada e ao mesmo tempo me importo com tudo.
é assim que sou. vou levando a vida.
uma folha que o grande rio carrega.
que fique aqui o registro.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Pablo Neruda - Poema XV

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Florbela Espanca - Se tu viesses ver-me hoje a tardinha...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

ECHO & THE BUNNYMEN - LIPS LIKE SUGAR

She floats like a swan
Grace on the water
Lips like sugar
Lips like sugar
Just when you think youve caught her
She glides across the water
She calls for you tonight
To share this moonlight

Youll flow down her river
Shell ask you and youll give her
Lips like sugar
Sugar kisses
Lips like sugar
Sugar kisses

She knows what she knows
I know what shes thinking
Sugar kisses
Sugar kisses
Just when you think shes yours
Shes flown to other shores
To laugh at how you break
And melt into this lake

Youll flow down her river
But youll never give her
Lips like sugar
Sugar kisses
Lips like sugar
Sugar kisses

Shell be my mirror
Reflect what I am
A loser and a winner
The king of siam
And my siamese twin
Alone on the river
Mirror kisses
Mirror kisses

Lips like sugar
Sugar kisses
Lips like sugar
Sugar kisses

quem disse que a gente tem que ser forte?


créditos: > http://www.myspace.com/logyu <
lindos desenhos.

THE CURE - LOVESONG



THE CURE - LOVESONG

Whenever I'm alone with you
You make me feel like I am home again
Whenever I'm alone with you
You make me feel like I am whole again
Whenever I'm alone with you
You make me feel like I am young again
Whenever I'm alone with you
You make me feel like I am fun again

However far away I will always love you
However long I stay I will always love you
Whatever words I say I will always love you
I will always love you

Whenever I'm alone with you
You make me feel like I am free again
Whenever I'm alone with you
You make me feel like I am clean again

However far away I will always love you
However long I stay I will always love you
Whatever words I say I will always love you
I will always love you

eu quero um desodorante desses!!!!


Pub Axe hombre chocolate
Colocado por davimen

pipol, este é um dos comerciais mais engraçados q eu já vi. e mais criativo tambem. a mina q morde a bunda do cara, é genial...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

AH, L'AMOUR!!!!

ié ié ié! sim , estou apaixonado, e não nego. e esta musga diz um pouco como me sinto.



THE PRETENDERS - DON'T GET ME WRONG

Dont get me wrong
If Im looking kind of dazzled
I see neon lights
Whenever you walk by

Dont get me wrong
If you say hello and I take a ride
Upon a sea where the mystic moon
Is playing havoc with the tide
Dont get me wrong

Dont get me wrong
If Im acting so distracted
Im thinking about the fireworks
That go off when you smile

Dont get me wrong
If I split like light refracted
Im only off to wander
Across a moonlit mile

Once in awhile
Two people meet
Seemingly for no reason
They just pass on the street
Suddenly thunder, showers everywhere
Who can explain the thunder and rain
But theres something in the air

Dont get me wrong
If I come and go like fashion
I might be great tomorrow
But hopeless yesterday

Dont get me wrong
If I fall in the mode of passion
It might be unbelievable
But lets not say so long
It might just be fantastic
Dont get me wrong