As vezes olho algumas fotografias, pra me lembrar que você é real. O retrato de sempre acaba te prendendo numa moldura, engessando quem você é. Por alguns momentos parece que é só isso. Só o sorriso maroto com o mar ao fundo.
Então quando vejo as fotografias me lembro um pouco mais de quem és. Pequenos detalhes, um pé sujo aqui, um barril de chop ali, e quase sempre o sorriso. Teu desprendimento e a importância que as pequenas lembranças parecem ter para ti, podem gritar em antagonismo, mas ali, naquele pedacinho de luz congelada, estão em harmonia.
As paisagens mais lindas são teu cenário, e eu não consigo saboreá-las, porque pra mim são sempre tuas fotografias, e só você existe nelas. A única estrela de uma estória fantástica. E pra mim só há a areia porque teu pé a pisa, só existe o vento porque teu cabelo voa, toda luz vem dos teus olhos, todo personagem é você e o que sinto ao longe.
Quando vejo essas fotografias tenho vontade de te sentar ao pé do mar e te falar de coisas belas, te contar do amor e da flor, te levar pra ver a nuvem, o brocóli e a neve, os olhos tristes de um cão que espera o amigo e o sorriso do cego que vê tudo isso melhor que nós. Quero te mostrar como o mundo pode ser lindo e como toda dor pode ser poesia. Tenho vontade de molhar meus pés nessa areia que carrega teu peso, sentir o vento que massageia teus cabelos, ao teu lado, mãos dadas em silêncio e quietude.
Quando o tempo torna a distância tão presente, são esses detalhes que me fazem sentir te menos ausente. Acolá teus cabelos molhados. Teus cabelos. Sua imagem me lembra seu cheiro. O cheiro me lembra teus abraços, e assim vou, me perdendo em fotografias, teu sorriso assassinando minha dor, sangrando minha saudade pra que eu possa viver mais um dia, mais algumas horas sem acariciar tua pele, teu rosto, teu cabelo, até que chegue a noite novamente, e eu me deite a olhar tuas fotografias.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
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