domingo, 20 de julho de 2008

Papel

eu passo os dedos
nas dobras do papel
eu acaricio as fibras
que suportam a cor
branca da celulose

nela eu apago a dor
rimo esperançoso
o amarelo com o apelo
do lamento rouco
de um violoncelo

mas por mais tente
não consigo prender
o sabor castanho
dos teus infantis
olhos escuros

eu passo os dedos
nas bordas do papel
buscando um verso
para aprisioná-lo
em fibras brancas.


(são paulo, 19/07/08)

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