terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

REENCONTRO IMAGINÁRIO AO SOM DO NOTURNO EM MI BEMOL, OPUS 9, N°2, DE CHOPIN

ler ao som do Noturno em Mi bemol de Chopin. baixar aqui.
 
Chopin - Nocturne




As mãos caem, suaves e determinadas sobre as teclas do piano, enquanto nossos olhos se perdem no tempo. E assim como elas as nossas mãos também se juntam. Puxo-te em direção a mim, e nos abraçamos. Primeiro forte e depois mais suave, como a chuva que cai de repente. Minha mão corre pela tua cintura e as tuas pelas minhas costas. Você aninha tua cabeça no meu peito e fecha os olhos, e vamos assim, num suave balanço ao som da música, rodando pelo quarto que se transformou em salão. Você veste agora o vestido mais lindo e eu minha farda de gala. Nossos pés não sentem o chão, o atrito deixou de existir, só restamos você, eu e a música. Os convidados riem e aplaudem a graça da sua princesa, mas não os ouço, porque tua mão está dentro da minha feito um passarinho que caiu do ninho.

Você roda e ri, iluminando tudo ao seu redor com tua luz, com teu sorriso. Agora todos dançam ao nosso redor, as estrelas, os cometas, os mundos infinitos, ao som do piano, acompanhando os nossos passos pela galáxia. E então não existe mais nada, o universo inteiro somos nós e a música. Toda a energia concentrada num ponto, eu e você. E nós alheios a tudo isso, rodopiando pelo vazio. Fecho meus olhos e sinto teu coração bater no meu peito, apagando toda dor que a saudade um dia me trouxe.
Só existe no meu ser este momento, como se minha vida inteira houvesse vivido pra isso. Todos os meus erros , meus pecados, minhas pequenas mentiras, tudo conduziu a este momento,onde não existe mais dor nem sofrimento, só você, e eu, e a música.

E agora, somos só duas luzes vagando pelo infinito, uma só chama pra quem olhar de longe, um só coração pra quem ouvir de perto. Duas almas unidas pela música e por algo mais que ninguém pode explicar. Uma estrela. A única estrela. A estrela que deu origem a todas as outras. Viajando pelo cosmos, iluminando toda escuridão com nossa luz. Enchendo o espaço com o nosso calor. Nada mais existe, só nós e o nosso amor, a única estrela, a única luz. Eu, você, e a música. Seus olhos fechados ainda, sua respiração calma e suave, encostada no meu peito, num momento de ternura infinita, esperando que dure pra sempre, o que já vai acabar.

Pausa.

A música acabou. Abro os olhos e ainda consigo ver os teus. Num último relance, antes de tudo voltar ao que era, e à solidão.

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